A torção do ovário é uma emergência médica que pode colocar em risco a saúde reprodutiva da mulher.
Essa condição ocorre quando o ovário ou a trompa de falópio gira em torno de seu próprio eixo, interrompendo o fluxo sanguíneo para a região.
Apesar de ser relativamente rara, a torção ovariana exige diagnóstico e tratamento rápidos para evitar complicações graves, como a perda da função ovariana.
Neste artigo, vamos abordar o que é a torção do ovário, suas causas, sintomas, fatores de risco e como ela pode impactar a fertilidade.
O que é a torção do ovário e como ela acontece?
A torção do ovário é uma condição médica grave que ocorre quando o ovário ou, em alguns casos, a trompa de falópio, gira em torno de seu próprio eixo.
Esse movimento pode interromper o fluxo sanguíneo para o ovário, causando dor intensa e, se não tratado rapidamente, danos irreversíveis ao tecido ovariano.
A torção ocorre devido a diferentes fatores, como:
- Aumento do volume do ovário: cistos ou massas ovarianas tornam o ovário mais pesado, facilitando o movimento giratório.
- Movimento anormal do ovário: alterações hormonais, infecções ou até mesmo atividades físicas intensas podem deslocar o ovário de sua posição normal.
- Pressão nos ligamentos pélvicos: como o ovário está conectado ao útero e à parede pélvica por ligamentos, mudanças no posicionamento dessas estruturas podem levar à torção.
É importante entender que a torção ovariana é uma emergência médica, pois, sem intervenção imediata, o tecido ovariano pode sofrer necrose (morte do tecido), comprometendo a função reprodutiva da mulher.
Quais são os principais sintomas da torção do ovário?
A torção do ovário apresenta sintomas intensos e que não devem ser ignorados. Os mais comuns incluem:
- Dor abdominal súbita e intensa: geralmente localizada em apenas um lado do abdômen, a dor pode ser incapacitante.
- Náuseas e vômitos: comuns devido à interrupção do fluxo sanguíneo e à dor intensa.
- Sensibilidade abdominal: a área afetada pode estar dolorida ao toque.
- Alterações no ciclo menstrual: em alguns casos, a torção pode interferir temporariamente no ciclo hormonal.
Estes sintomas podem variar em intensidade, mas a dor abdominal súbita é o sinal mais característico, exigindo atenção médica imediata.

Quais são os fatores de risco para desenvolver torção do ovário?
Diversas condições podem aumentar o risco de torção do ovário. Entre as mais comuns, estão:
- Cistos ovarianos ou massas: são as causas mais frequentes, especialmente quando o cisto é grande.
- Alterações anatômicas: algumas mulheres possuem maior mobilidade ovariana, aumentando a propensão à torção.
- Gravidez: durante a gestação, as alterações hormonais e anatômicas podem aumentar o risco.
- Terapias de fertilidade: a estimulação ovariana pode levar ao aumento do tamanho dos ovários, elevando a probabilidade de torção.
- Atividades físicas intensas: movimentos bruscos podem contribuir para o deslocamento do ovário.
- Distúrbios hormonais: desequilíbrios hormonais podem alterar a estrutura do ovário, facilitando a torção.
- Endometriose: a formação de aderências e alterações nos tecidos ovarianos pode predispor à condição.
Além disso, adolescentes e mulheres jovens apresentam maior risco devido à maior mobilidade dos ovários nessa faixa etária.
Como a torção do ovário é diagnosticada?
O diagnóstico de torção do ovário é desafiador, mas essencial para garantir um tratamento rápido e eficaz.
Inicialmente, avaliamos os sintomas relatados pela paciente, como dor intensa, localização específica e náuseas.
Durante o exame físico, podemos identificar sinais de sensibilidade abdominal.
A realização da ultrassonografia é fundamental, sendo um exame eficiente que permite visualizar alterações no fluxo sanguíneo para o ovário, indicando a torção.

Em casos mais complexos, podemos também solicitar uma ressonância magnética que oferece imagens detalhadas da pelve.
Se os exames de imagem não forem suficientes para confirmar a torção, uma laparoscopia pode ser realizada.
Esse procedimento minimamente invasivo nos permite observar diretamente os órgãos internos e, se necessário, corrigir a torção durante a mesma intervenção.
O diagnóstico rápido é fundamental para evitar danos permanentes ao ovário e outras complicações.
O tratamento para a torção do ovário sempre requer cirurgia?
Sim, a torção do ovário é considerada uma emergência médica que exige intervenção cirúrgica.
O objetivo do tratamento é restaurar o fluxo sanguíneo ao ovário e preservar sua função, além de corrigir as causas subjacentes, como cistos ou aderências.
A cirurgia pode ser realizada por laparoscopia, um método minimamente invasivo no qual desviramos o ovário, removemos cistos ou outras massas, e verificamos a saúde do tecido ovariano.
Já em casos mais graves ou quando há suspeita de necrose do ovário, realizamos a cirurgia por via aberta.
O tratamento cirúrgico rápido é essencial para preservar o ovário e minimizar os riscos de complicações futuras.
A torção do ovário pode impactar a fertilidade?
A torção do ovário pode afetar a fertilidade, especialmente se o diagnóstico e o tratamento não forem realizados a tempo.
Isso porque, quando a torção interrompe o fluxo sanguíneo por um período prolongado, pode ocorrer necrose do ovário, levando à perda total ou parcial de sua função.
Nos casos em que o ovário é preservado, a fertilidade geralmente não é comprometida.
No entanto, se for necessário removê-lo, a mulher ainda pode engravidar, desde que o ovário remanescente esteja saudável.
Por isso, o diagnóstico precoce e a intervenção imediata são fundamentais para preservar a saúde reprodutiva da paciente.
Como vimos, reconhecer os sintomas da torção de ovário e buscar tratamento rápido pode fazer toda a diferença para preservar a saúde ginecológica e reprodutiva da mulher.
Então, se você apresenta sintomas, como dor abdominal intensa e súbita, procure imediatamente um ginecologista experiente para avaliação.
Assim, será possível fazer a rápida identificação e tratamento da torção do ovário, garantindo o melhor resultado possível!
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Formação da Dra. Graziele Cervantes
- Ginecologista e Obstetra formada pela Maternidade Darcy Vargas - SC em 2016;
- Especialização em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2016-2018);
- Curso de Imersão em Laparoscopia em Clermont-Ferrand, França (2019);
- Especialização em Longevidade e Medicina Ortomolecular;
- Médica Assistente do Setor de Endoscopia Ginecológica e Endometriose da Santa Casa de São Paulo;
- Professora da Pós Graduação de Videoalaparoscopia e Histeroscopia da Santa Casa de São Paulo - NAVEG;
- Mestra da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.